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MÍDIA ESTRANGEIRA DESTACA LULA COMO VÍTIMA DE PERSEGUIÇÃO



Discurso duro do ex-presidente ao juiz Sergio Moro de que é "alvo de uma caçada Judicial" e sofre perseguição na imprensa foi destaque nas agências e nos veículos de comunicação estrangeiros nesta quinta-feira 11, após o depoimento em Curitiba; os correspondentes focaram ainda nas declarações de Lula de que "não há pergunta difícil para quem fala a verdade", pedindo aos procuradores provas de que o apartamento é dele e chamando o julgamento de "farsa", como fizeram Associated Press, BBC, Reuters, Le Monde e Al Jazeera

247 - Ao contrário dos jornais brasileiros, que abordaram em suas manchetes nesta quinta-feira 11 que o ex-presidente Lula atribuiu à sua mulher, Marisa Letícia, já falecida, a escolha de um triplex no Guarujá - que a acusação não conseguiu provar ser dele - veículos da imprensa internacional destacaram seu duro discurso ao juiz Sergio Moro, de que é alvo de uma "caçada judicial" e de uma perseguição na mídia.
Os correspondentes estrangeiros focaram ainda nas declarações de Lula de que "não há pergunta difícil para quem fala a verdade", pedindo aos procuradores provas de que o apartamento é dele e chamando o julgamento de "farsa", como fizeram Associated Press, BBC, Reuters, Le Monde e Al Jazeera. Confira abaixo um balanço publicado por Olímpio Cruz, no site do PT no Senado. O jornalista Fernando Brito, do Tijolaço, também fez um balanço mais cedo sobre a cobertura estrangeira.
Imprensa estrangeira destaca Lula como vítima de perseguição
Noventa por cento da cobertura global sobre o Brasil nesta quinta-feira, 11 de maio, está restrita ao depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva perante a Justiça Federal. A mídia global mostra o impacto da sua ida a Curitiba para se explicar perante o juiz Sérgio Moro, pintado no material noticioso como um magistrado que luta contra a corrupção. Mas, diferentemente do que saiu na mídia brasileira, o material produzido por correspondentes e agências internacionais de notícias é mais favorável a Lula, que se apresentou como vítima de uma perseguição
O britânico The Guadian destaca em manchete que Lula condenou a perseguição a que está sendo submetido ao enfrentar no tribunal as acusações de corrupção. O repórter Dom Philipps relata que o presidente mais popular da história brasileira foi questionado por Sérgio Moro, “um herói nacional por encarcerar os ricos e poderosos”. O correspondente conta como foi o dia, o forte esquema de segurança em Curitiba, a presença de milhares de simpatizantes, e sobre o comício que Lula fez com a sucessora Dilma Rousseff, após prestar depoimento.
O francês Le Monde reportou que Lula apareceu no tribunal para encarar as acusações de suborno e protagonizou um show ante a Justiça. A correspondente Claire Gatinois diz que Lula, “combativo”, apareceu zombando, dizendo ser vítima de uma “caçada judicial”, mas também vergonha por ter de responder por sua mulher, que morreu em fevereiro. “Você me mostra o documento [prova] que o apartamento é meu. Porque precisa ter prova. O resto é blá, blá”, disse Lula, em destaque no texto.
Reuters informa que o ex-presidente apareceu perante o tribunal para enfrentar as denúncias de corrupção. O despacho relata que o juiz ao ser indagado por Moro, anunciando a necessidade de fazer “perguntas difíceis”, ex-presidente não titubeou: “Não há perguntas difíceis, senhor. Quando se fala a verdade, não há perguntas difíceis”. O material foi reproduzido pelo New York Times e outros 4,9 mil sites noticiosos.
Associated Press manchetou que Lula desafiou Moro durante o depoimento. “Depois de dois anos de massacre, eu estava esperando para ver um documento mostrando que eu comprei o apartamento”, disse Lula. “Mas não havia nada, absolutamente nada”. O material da AP foi replicado pelo NYTimesWashington Post e outros 3,8 mil veículos de imprensa no exterior. Na Bloomberg, reportagem mostra Lula condenando “caça às bruxas” e sinalizando que será candidato a presidente.
Na BBC, reportagem ressaltou que Lula chamou o julgamento de “farsa”. Na Russia Today, a reportagem fala que o ex-petista se apresenta à Justiça para falar do caso de corrupção da Lava Jato. A agência russa Sputnik reportou que Lula, “o presidente mais popular do Brasil”, depôs durante cinco horas. A alemã Deutsche Welle destacou que Lula negou ser dono do triplex e informa que ele quer ser presidente novamente.
Al Jazeera noticia que Lula chamou as acusações de corrupção de “farsa”. A Radio France Internationale apontou que Lula foi interrogado durante cinco horas e que, mesmo sob o risco de ser preso, anunciou que é candidato à Presidência. Na Telesur, reportagem repete as declarações de Lula da caça às bruxas e destaca que a defesa do ex-presidente denuncia que a mídia brasileira quer fabricar uma condenação sem evidências.
O francês Le Monde também trouxe outro texto, a partir de despacho da AFP, em que abre com a declaração do ex-presidente: “Este julgamento é ilegítimo, é uma farsa”. E descreve o petista usando uma gravata com as cores do Brasil e que, aos 71 anos, estava no comando para defender-se das acusações de que recebeu um apartamento triplex em um resort.
“Eu não quero ser julgado em interpretações, mas em evidências”, disse, depois da audiência. “Eles não apresentaram qualquer documento comprovando que o apartamento pertence a mim”. O despacho da AFP também foi distribuído em espanhol, inglês e português, sendo reproduzido em mais de 2,3 mil veículos de mídia ao redor do planeta.
O diário francês Le Figaro deu no título da reportagem que Lula enfrentou o seu juiz, apresentando Moro como um “magistrado inflexível” e um “workaholic de vida quase monástica”. Liberation também destacou que Lula enfrentou o juiz, usando como base o texto da France Press, assim como o Le Point, que descreveu o alto nível de tensão dentro e fora do tribunal. Le Parisien relatou que foram cinco horas de interrogatório, em que o ex-presidente denunciou ser vítima de “acusações mascaradas”, assim como o diário La Depéche. O material também foi reproduzido pelo canal France 24.
O espanhol El País veiculou reportagem em que mostra Lula transformando seu depoimento em uma exibição de poder político. “O ex-presidente, que pretende ser um candidato nas eleições presidenciais de 2018, reúne milhares de seguidores perante o tribunal”, informa no subtítulo o jornal. Outro diário espanhol que abordou o depoimento foi o El Mundo, que destacou a frase de Lula ante o juiz: “sou vítima de uma caça”.
A mídia argentina também deu amplo espaço ao depoimento de Lula. O jornal Clarín destacou que Lula se declarou inocente contra as acusações de corrupção na Petrobras e afirmou sofrer um “assédio judicial”. La Nación traz dois textos: o primeiro aponta que Lula converteu seu interrogatório em um trampolim para as eleições de 2018 e, em outra reportagem, o diário informa que o PT pintou de vermelho as ruas de Curitiba.
No Chile, o jornal La Tercera destaca que o petista está vivo e abre título para sua declaração: “Estou me preparando para ser candidato à Presidência”. No México, La Jornada informa que o ex-presidente denunciou a farsa judicial, relata a presença de milhares de apoiadores e coloca no título a afirmação de Lula: “Não há uma prova contra mim”.
Na América do Norte, a Rádio Canadá informou que Lula compareceu diante da Justiça para negar as acusações e pedir que sejam apresentadas provas de que ele é o dono do triplex. Segundo a rádio, apesar das acusações, Lula ainda goza de forte apoio popular no país. Nos Estados Unidos, Voice of America noticiou que Lula enfrentou o juiz, reproduzindo material da AP.
UM ANO DE TEMER
Em outra reportagem em destaque na imprensa estrangeira, nesta quinta, Associated Press relembra que Michel Temer assumiu o governo há um ano prometendo reunificar o país e tirar a economia da recessão com uma palavra: confiança. O repórter Maurício Savarese relata que muitas das promessas estão suspensas ou perdidas.
“Os brasileiros não confiam em Temer, de acordo com numerosas pesquisas”, escreve o jornalista. “Na mais recente, do Datafolha, apenas 9% aprovam seu desempenho no cargo por ano, quatro pontos abaixo de Dilma Rousseff no momento em que ela foi suspensa”. A reportagem aponta que 71% dos entrevistados rejeitam as reformas que ele está propondo. O material foi reproduzido pelo NYTimesWashington Post e mais 3 mil jornais e veículos noticiosos em todo o mundo.

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